2 de dezembro de 2009

Eleiçoes em Honduras

02/12/2009 - 10h27
Amorim diz que Brasil vai esperar os próximos acontecimentos no caso Zelaya

Em Genebra
O chanceler Celso Amorim reiterou nesta quarta-feira, em Genebra, que o Brasil não reconhece as eleições realizadas em Honduras e que vai esperar os próximos acontecimentos no que diz respeito à situação do deposto presidente Manuel Zelaya.

"Nossa posição não mudou. Acreditamos que as eleições não tiveram legitimidade, isso é tudo", enfatizou Amorim, em declarações à margem da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Amorim assinalou ainda que o Brasil vai esperar para ver o que acontece nos próximos dias, em particular em uma reunião que será realizada na Organização de Estados Americanos (OEA), e acrescentou que, no momento, nada vai ser feito em relação à situação de Zelaya.

"Para nós não é um problema. Ele mesmo vai querer encontrar uma solução em algum momento. Nós não vamos forçar nada", assinalou.

Amorim também se referiu à decisão da União Europeia (UE) de classificar de "passo significativo adiante" as eleições em Honduras, assegurando que "cada um é livre para pensar o que quiser".

Na véspera, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também reafirmou que o Brasil não reconhecerá as eleições de Honduras nem conversará com o vencedor, Porfirio Lobo, ao deixar Estoril (Portugal) antes do encerramento da Cúpula Iberoamericana.

Indagado se o Brasil vai reconhecer Lobo como presidente de Honduras, Lula negou, assim como descartou a possibilidade de o governo brasileiro vir a conversar com o novo presidente eleito no domingo.

"Esse cidadão tem o direito de fazer as gestões que considerar necessárias. Se acontecer algo novo, vamos ver, vamos esperar. O problema agora é muito mais de Honduras do que do Brasil".

Sobre a advertência lançada na véspera pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, contra a "dupla moral" de reconhecer as eleições iranianas e não reconhecer as hondurenhas, em uma clara alusão ao Brasil, Lula respondeu que "são duas coisas diferentes".

"O presidente do Irã participou nas eleições e obteve 62% dos votos, a Constituição não foi violada. É diferente de uma pessoa que deu um golpe repudiado por todos os países, pela OEA, que colocaram condições estabelecidas pelo próprio presidente da Costa Rica, que era a volta ao poder do presidente Zelaya".

"O golpista atuou cinicamente, convocou eleições para as quais não tinha direito. Não se pode fazer concessões a um golpista", enfatizou.

"É um assunto de bom senso, uma questão de princípios, não podemos compactuar com o vandalismo político na América Latina", enfatizou Lula.

Sobre o que acontecerá com Manuel Zelaya, refugiado na embaixada brasileira desde 27 de setembro, Lula expressou seu desejo de que Honduras "tome a decisão de permitir que Zelaya volte à normalidade".

"A melhor coisa seria Zelaya voltar para casa, mas é preciso ter garantias constitucionais, do governo, da OEA, e isso tem que acontecer rapidamente", acrescentou.

Postado por Paulo R. M. Lima

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