4 de outubro de 2009

OEA aceita flexibilizar Acordo de San Jose para encerrar crise em Honduras

Após mais de três meses de crise política e dezenas de tentativas de mediar um diálogo, a OEA (Organização dos Estados Americanos) afirmou neste domingo que aceita modificar o Acordo de San Jose, proposto pelo mediador, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para destravar o diálogo com o governo interino.

O acordo pleiteia, entre outros itens, a restituição do presidente deposto Manuel Zelaya, condição rejeitada pelo governo interino de Roberto Micheletti.

"Sem dúvida, se os próprios hondurenhos consideram que se pode modificar [o plano Arias], isso é absolutamente factível. Aqui não há nada escrito em pedra ou bronze", disse a jornalistas Víctor Rico, secretário de Assuntos Políticos da OEA.

Uma missão de representantes da OEA planeja chegar a Tegucigalpa na próxima quarta-feira (7), buscando criar as condições para que as partes no conflito dialoguem. Rico lidera uma missão do organismo que prepara a visita.

Micheletti afirma que o retorno de Zelaya ao poder não é negociável e que este deveria ser preso por supostamente violar a Constituição do país ao tentar abrir caminho para a sua reeleição.

Zelaya, que se refugia com a mulher e dezenas de aliados na Embaixada Brasileira em Tegucigalpa, cercada por militares e policiais, disse neste fim de semana que aceita modificações do acordo --mas alertou que não abre mão de sua restituição ao poder.

Rico disse ainda que a restituição do presidente deposto "é um ponto que até o momento entravou a possibilidade de acordo". "Mas precisamos justamente gerar condições que permitam resolver essas divergências que ainda persistem", afirmou, dizendo estar otimista com a missão de chanceleres.

Rico encabeça uma delegação de quatro funcionários da OEA, expulsos há uma semana pelo regime de fato e que voltou na sexta-feira para preparar a chegada de cerca de dez chanceleres e do secretário-geral José Miguel Insulza, para o início do diálogo.

"Esperamos que a viagem dos chanceleres tenha um resultado na resolução da crise. Não teria sentido vir uma comissão de chanceleres e o secretário-geral para que não haja um resultado positivo", enfatizou Rico.

A negociação tomará como ponto de partida o Acordo de San José.

A OEA exige a restituição de Zelaya. O presidente interino critica o chileno Insulza por ser parcial na mediação da crise e já vetou uma missão anterior do órgão, em agosto, pela presença do secretário-geral --que teve que participar apenas como observador.

Micheletti revelou nesta sexta-feira que teve um encontro secreto com Insulza em uma base militar dos EUA. Segundo o presidente interino, durante a conversa falou-se "de tudo", sem tocar na restituição do presidente Zelaya ao governo.

*Postado por Ethel Lacrose e Priscila Matos

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