30 de agosto de 2009

Sob críticas, Colômbia quer debater corrida armamentista na Unasul

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, participa nesta sexta-feira da cúpula da Unasul (União de Nações Sul-americanas), na Argentina, para explicar o acordo que negociou com os Estados Unidos sobre o uso de bases militares no país. Sob duras críticas dos líderes de esquerda, Uribe quer evitar que o tema monopolize a reunião e pretende trazer à mesa outros pactos similares assinados na América Latina, assim como a corrida armamentista de alguns países vizinhos.
O acordo entre Bogotá e Washington, que permite a soldados e assessores americanos terem acesso a até sete bases militares em solo colombiano para operações contra o tráfico de drogas e o terrorismo, concluiu sua fase de negociação em 14 de agosto e está à espera da assinatura final dos dois governos.
Se aprovado, o acordo permitirá aos EUA manter 1.400 pessoas, entre militares e civis, em bases na Colômbia, pelos próximos dez anos. Os dois aliados afirmam que o acordo não é novo, mas apenas uma extensão do acordo de combate ao narcotráfico e às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) chamado de Plano Colômbia.
Uribe confirmou a presença na cúpula da cidade argentina de Bariloche (sul), mas a condicionou à discussão de outros acordos de cooperação militar que alguns países têm com nações de fora da região.
"Não vamos à Argentina para consultar sobre nada; o acordo já foi fechado", disse recentemente o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Jaime Bermúdez, ao acrescentar que temas como o "armamentismo de certos vizinhos e o terrorismo" também devem estar na agenda da cúpula.
Uribe tomou a decisão de participar da cúpula extraordinária da Unasul após ter se recusado a estar presente na reunião do bloco realizada no começo de agosto no Equador, país com o qual a Colômbia não tem relações diplomáticas desde março de 2008.
O diretor da Fundação Segurança e Democracia, Alfredo Rangel, explicou que, enquanto a Colômbia e os EUA estavam concluindo as negociações do convênio militar, funcionários do governo do presidente Hugo Chávez se reuniam com delegados russos para fechar um acordo denominado "Estatuto da Comissão Intergovernamental Russo-Venezuelana para a Cooperação Técnico-Militar".
"Este acordo é secreto. E se desconhece a forma como regula a presença de militares russos em território venezuelano. Queria que Chávez tivesse um gesto recíproco ao de Uribe e explicasse à América do Sul os objetivos e o alcance desse acordo secreto e dos que está desenvolvendo com China e Irã", acrescentou.
Chávez criticou em várias ocasiões o acordo e anunciou no domingo passado que levará à cúpula da Unasul um relatório militar americano com o qual poderá desarmar "as mentiras" que o governo colombiano poderia apresentar.
O presidente venezuelano insistiu que um dos objetivos dessas bases é "aproximar" a Venezuela e, em última instância, controlar a faixa petrolífera do Orinoco, a maior reserva de hidrocarbonetos do mundo, e as reservas hídricas amazônicas.
Chávez e os presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales, são os mais críticos ao acordo, que também é criticado pela Argentina e pelo Brasil.
Já Chile, Paraguai, Peru e Uruguai manifestaram seu respeito ao convênio militar entre Colômbia e EUA.
Consciente da oposição regional ao acordo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou na semana passada que "não diz respeito" a outros países e indicou que tem um "claro reconhecimento da soberania e integridade territorial" da Colômbia.
*Postado por Marcos Sandes

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